A
Linguística Textual (LT), sendo um ramo da Linguística Geral (LG) cujo principal
objectivo é contribuir com teorias sobre o texto e a sua organização, é uma
área de conhecimento bastante útil para o ensino da leitura e produção textual.
Para tanto, esta área de conhecimento vai fornecer um conjunto de procedimentos
técnico-compositivos e linguísticos necessários para uma produção textual
(oral/escrita), bem como de leitura e interpretação, que são factores
primaciais para o desenvolvimento da escrita.
No
contexto moçambicano, concretamente no meio urbano, as crianças entram para o
meio escolar onde começam a desenvolver o código escrito (texto escrito), que é
novo, mas numa língua materna (Língua Portuguesa), trazendo de casa o código
oral (texto oral), ou seja, os aprendentes entram para a escola já com alguma
capacidade de produção de textos orais, ainda que careçam de algum
aperfeiçoamento, e começam a desenvolver a produção de textos escritos com a
escolarização. KATO (1995) assevera que é função da escola introduzir a criança
no mundo da escrita. Entretanto, a produção textual tem sido uma actividade
relegada para um plano secundário, devido a factores de diversa índole,
nomeadamente: (i) a falta de criatividade por parte dos professores para
estimular o aluno a produzir textos, quer orais, quer escritos; (ii) a falta da
contextualização e socialização da informação temática sobre a qual a criança
deve escrever; (iii) a exiguidade do tempo reservado ao desenvolvimento da
produção textual; (iv) em avaliações, a produção textual é reservada ao último
momento, quando a criança já estiver completamente fadigada, daí a produção de
textos relativamente pobres em termos de informatividade e intencionalidade;
(v) a ausência de conteúdo programático, pois enquanto nos demais sectores de
ensino da língua, a sistematização dos conhecimentos é uma realidade, no caso
do texto ainda não se chegou ao mesmo nível de conhecimento; (vi) a abordagem
fragmentada das variedade de elementos textuais, discutindo conceitos como
coesão, coerência, inferências, argumentação, ou mesmo actos de fala, isolados de
um texto específico, o que faz com que os mesmo sejam amplamente conhecidos mas
não aplicados na produção e leitura textual. Com efeito, o professor da Língua
Portuguesa poderá buscar, na LT, um conjunto de conceitos e estratagemas que
enformam a potencialidade textual. É fundamental que a criança perceba que o
texto também oferece uma visão referencial, contextual e situacional, colocando
em cena valores extralinguísticos como a identidade dos falantes, sua relação
social, comunicação, pois, o texto consiste em qualquer passagem, falada ou
escrita, que forma um todo significativo, independente de sua extensão, sendo
uma unidade de sentido, de um contínuo comunicativo contextual que se caracteriza
por um conjunto de relações responsáveis pela tessitura do texto, os
critérios ou padrões de textualidade (coesão, coerência, informatividade,
intencionalidade, etc.). Este conjunto de saberes é proporcionado pela Linguistica
Textual.
Nesta perspectiva, os alunos (dos centros urbanos) começam a desenvolver a capacidade de produzir textos orais no meio informal, entretanto é uma produção que se vai aperfeiçoar no meio formal (escola). Em outro plano, a habilidade escrita é essencialmente lavrada só e somente na escola.
ResponderEliminarNo nosso ponto de vista a fraca capacidade dos alunos em produzir os textos escritos tem que ver com um factor que o consideramos macro, especificamente, o professor; parafraseando o primeiro factor do vosso texto, a influência do professor vai para além da falta de criatividade, i é, ele é ignorante em algum momento no tratamento desta matéria nas suas aulas.
Numa análise um pouco generalizada, poucos são os professores de LP que se preocupam em reservar uma aula inteira para o desenvolvimento da habilidade escrita por parte dos alunos. O texto na sala de aula é utilizado por muitos como um acessório para o estudo de outros elementos da língua, como muito bem abordaram, ainda não chegamos ao nível de sistematizar o conhecimento da produção escrita nas nossas aulas; dai que, sugerimos, primeiro, que professor seja munido de conhecimentos que o garantam desenvolver uma criatividade para o tratamento desta matéria na sala de aula, alias, não há criatividade enquanto não se tiver algum alicerce; segundo; que se programe em nossas planificações tempo necessário/suficiente para a produção escrita; terceiro, que o professor oriente o aluno em busca de uma temática interessante/ligada a realidade do aluno, pois só assim ele será capaz de a desenvolver.
Como se depreende, ao nosso ver, o professor desempenha um papel imprescindível para o desenvolvimento da habilidade escrita no aluno.
Obrigado pelo tema, continua a lutar para melhorar a qualidade do nosso ensino com maior enfoque no ensino da LP.
Concordo em pleno com a analise e com as propostas. Na verdade, uma aula dedicada a escrita ainda continua uma utopia. Todos (quase) os professores furtam-se a esta actividade.
ResponderEliminar