A Libertação opressora

A voz do negro já se tinha encolhido

de tanta tortura, quando aquele movimento

surgiu na terra de Nyerere!

Afinal o movimento não me queria libertar,

porque tirou-me de uma para a pior exploração!

Os umbigos na aldeia secavam à fome

quando a chuva decidiu visitar-nos!

Afinal a chuva não trazia produção.

A chuva só trouxe mortes e mortes

porque as inundações engoliram a nossa aldeia!

As distâncias eram longas a fio

quando a estrada negra abriu a língua

em direcção à nossa aldeia!

Afinal a estrada não vinha encurtar distâncias,

porque ela bebe sangue dos meus irmãos!

A noite era densa e atormentadora

quando na minha aldeia

instalaram o comando da polícia!

Afinal a polícia não vinha aliviar o medo,

porque ela (policia) atirou contra um aldeão!

A ignorância era inocente

não havia escola na minha pacata aldeia!

Implantaram a escola! Mas a escola não

trouxe a vacina anti-ignorância em nós

porque ela me tornou mais ignorante ainda!

Então devolvam-me a colonização!

Devolvam-me os umbigos secos de fome!

Devolvam-me a distância toda!

Devolvam-me o medo e tormento da noite!

Quero a minha inocente ignorância de volta!